A Sociedade Brasileira de Ortopedia (Sbot) lançou uma campanha
nacional chamando a atenção para a necessidade de orientar médicos e
pacientes sobre os riscos da refratura (segunda fratura em osso quebrado
anteriormente) causada pela osteoporose. O diretor de Relações
Institucionais do Comitê de Doenças Osteometabólicas da Sbot, Márcio
Passini, disse hoje (24) que há dificuldade de se fazer o diagnóstico da
osteoporose, porque é uma doença assintomática, que o paciente, muitas
vezes, desenvolve sem saber. Um exame chamado densitometria identifica o
problema. A campanha visa a alertar a população para que fale do
assunto com seu ortopedista e cobre dele uma maior atenção sobre a
doença.
“O tratamento da osteoporose é para impedir que a pessoa
tenha uma primeira fratura”. O que ocorre, disse Passini, é que muitas
vezes a pessoa tem uma fratura osteoporótica, que é tratada, mas, como a
osteoporose é estudada por um grupo reduzido de ortopedistas, o
profissional acaba esquecendo de pedir ao paciente a densitometria ou
encaminhá-lo a um especialista.
“Com isso, a pessoa que teve uma
fratura osteoporótica tem um risco aumentado de ter a segunda [fratura].
A gente diz que a pessoa [com osteoporose] tem duas vezes mais chances
de ter uma segunda fratura do que de ter a primeira e quatro vezes mais
de ter a terceira. É exponencial, vai aumentando”, explicou.
A
campanha objetiva lembrar à população que quem teve uma fratura
osteoporótica precisa tratar a osteoporose. Para o médico, nessa hora, é
mais importante saber que a pessoa tem uma fragilidade óssea e tratar.
“A gente precisa entender que a pressão da população sobre o médico faz
mais efeito do que a pressão das entidades de classe sobre o médico”.
Segundo
Passini, é fácil identificar se uma primeira fratura é osteoporótica.
“O ortopedista tem treinamento para isso”. Pela radiografia e pelas
características como ocorreu o acidente, ele pode fazer o diagnóstico.
As fraturas osteoporóticas são provocadas por trauma de baixo impacto.
Fraturas de colo de fêmur e da coluna vertebral são exemplos de fraturas
osteoporóticas comuns. A isso se soma o fato de a pessoa ter mais de 50
anos de idade; ser mulher que teve a menopausa muito cedo, por volta de
40 anos de idade; ser uma pessoa franzina; ou ter histórico familiar de
fraturas.
Passini diz que a refratura é um problema mundial.
“Por isso, existem campanhas no mundo inteiro para prevenir a segunda
fratura”. O diretor do comitê da Sbot destacou que é motivo de orgulho o
fato de o Brasil ter sido o primeiro país que se preocupou em combater o
risco da refratura no mundo, por meio do serviço público Prevrefrat
[Prevenção de Refraturas], do Hospital de Ipanema, do Rio de Janeiro,
que conseguiu 97% de redução da segunda fratura. “O Prevrefrat começou
dois anos antes de o mundo ter acordado para o fato de que a gente tem
que tratar o paciente que tem a primeira fratura para impedi a segunda”.
O
ortopedista disse que impedir a primeira fratura é um problema de saúde
pública extremamente caro. A estimativa da Sbot é que existam 20
milhões de pessoas osteoporóticas no Brasil. “E a gente estima que, no
Brasil, aconteçam 4 milhões de fraturas osteoporóticas por ano, que têm
um custo elevado para o Estado”. Embora a osteoporose seja uma
patologia que acomete pessoas de mais idade, Passini explicou que o
aumento do número de pacientes idosos com a doença é desproporcional ao
crescimento da população com mais idade.
“Hoje, a gente encara
isso como algo que começou na infância. É a criança que tomou pouco
leite, é o adolescente que, em vez de praticar atividades físicas,
pratica jogos de computador”. Segundo o médico, isso explica o aumento
desproporcional da incidência de osteoporose na população idosa em
relação ao aumento populacional dessa faixa de idade. A meta da Sbot é
que 100% dos pacientes com fraturas osteoporóticas sejam tratados para
evitar a refratura.
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