sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Brasil tem pedido rejeitado e fala que haverá 'sombra' na relação com a Indonésia


Reuters

O último recurso possível para salvar a vida de um brasileiro condenado à morte na Indonésia foi rejeitado pelo governo do país.
A presidente Dilma Rousseff conseguiu, após uma semana de tentativas, falar por telefone com o presidente da Indonésia, Joko Widodo, para fazer um apelo pessoal pelas vidas de Marco Archer Cardoso Moreira e Rodrigo Muxfeldt Gularte, ambos condenados por tráfico de drogas.
No entanto, o pedido para que eles não fossem executados não foi atendido, e Moreira deve ser morto por fuzilamento neste domingo. Seria o primeiro brasileiro executado por outro país. Gularte, que também está no "corredor da morte", tem a execução marcada para fevereiro.
O Palácio do Planalto ressaltou que isso deve ter consequências negativas para a relação entre Brasil e Indonésia. "A presidenta lamentou profundamente essa posição do governo indonésio e chamou aatenção para o fato de que essa decisão cria, sem dúvida nenhuma, uma sombra nas relações dos dois países", disse o assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia.

'Razões humanitárias'

Em nota, o Palácio do Planalto informou que a Dilma "ressaltou ter consciência da gravidade dos crimes cometidos pelos brasileiros" e "disse respeitar a soberania da Indonésia e do seu sistema judiciário, mas como chefe de Estado e mãe, fazia esse apelo por razões eminentemente humanitárias".
Na conversa, a presidente recordou também que "o ordenamento jurídico brasileiro não comporta a pena de morte e que seu enfático apelo pessoal expressava o sentimento da sociedade brasileira".
Ainda segundo o relato do Palácio do Planalto, "o Presidente Widodo disse compreender a preocupação da Presidenta com os dois cidadãos brasileiros, mas ressalvou que não poderia comutar a sentença de Marco Archer Moreira, pois todos os trâmites jurídicos foram seguidos conforme a lei indonésia e aos brasileiros foi garantido o devido processo legal".
No comunicado, a Presidência da República disse ainda que Dilma "reiterou lamentar profundamente a decisão do Presidente Widodo de levar adiante a execução do brasileiro, que vai gerar comoção no Brasil e terá repercussão negativa para a relação bilateral".
Marco Aurélio Garcia relatou que o governo brasileiro convocou duas vezes o embaixador da Indonésia para transmitir o desejo da presidenta Dilma de conversar com Widodo - o que só aconteceu nesta sexta.

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