O último recurso possível para salvar a vida de um brasileiro condenado à morte na Indonésia foi rejeitado pelo governo do país.
A
presidente Dilma Rousseff conseguiu, após uma semana de tentativas,
falar por telefone com o presidente da Indonésia, Joko Widodo, para
fazer um apelo pessoal pelas vidas de Marco Archer Cardoso Moreira e
Rodrigo Muxfeldt Gularte, ambos condenados por tráfico de drogas.
No
entanto, o pedido para que eles não fossem executados não foi atendido,
e Moreira deve ser morto por fuzilamento neste domingo. Seria o
primeiro brasileiro executado por outro país. Gularte, que também está
no "corredor da morte", tem a execução marcada para fevereiro.
O
Palácio do Planalto ressaltou que isso deve ter consequências negativas
para a relação entre Brasil e Indonésia. "A presidenta lamentou
profundamente essa posição do governo indonésio e chamou aatenção para o
fato de que essa decisão cria, sem dúvida nenhuma, uma sombra nas
relações dos dois países", disse o assessor especial da Presidência da
República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia.
'Razões humanitárias'
Em
nota, o Palácio do Planalto informou que a Dilma "ressaltou ter
consciência da gravidade dos crimes cometidos pelos brasileiros" e
"disse respeitar a soberania da Indonésia e do seu sistema judiciário,
mas como chefe de Estado e mãe, fazia esse apelo por razões
eminentemente humanitárias".
Na conversa, a presidente recordou
também que "o ordenamento jurídico brasileiro não comporta a pena de
morte e que seu enfático apelo pessoal expressava o sentimento da
sociedade brasileira".
Ainda segundo o relato do Palácio do
Planalto, "o Presidente Widodo disse compreender a preocupação da
Presidenta com os dois cidadãos brasileiros, mas ressalvou que não
poderia comutar a sentença de Marco Archer Moreira, pois todos os
trâmites jurídicos foram seguidos conforme a lei indonésia e aos
brasileiros foi garantido o devido processo legal".
No comunicado,
a Presidência da República disse ainda que Dilma "reiterou lamentar
profundamente a decisão do Presidente Widodo de levar adiante a execução
do brasileiro, que vai gerar comoção no Brasil e terá repercussão
negativa para a relação bilateral".
Marco Aurélio Garcia relatou
que o governo brasileiro convocou duas vezes o embaixador da Indonésia
para transmitir o desejo da presidenta Dilma de conversar com Widodo - o
que só aconteceu nesta sexta.
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