terça-feira, 6 de maio de 2014

Poema a baraúna - Por Paula Belmino

 Paula Belmino ao lado de sua mãe Cícera Belmino sob a sombra da baraúna

Ah! Que dó e saudade De um tempo 
que não volta mais
Da sombra da baraúna
Garças que ao encontro da lagoa
Voavam cantando em paz.

Brincar embaixo da gameleira Sua 
árvore geminada vizinha Entrelaçadas 
pelo tempo A natureza lhes uniu Para 
que não crescessem sozinhas.

Quantas crianças Catavam e contavam 
sementes de mamona Brincavam sob o
seu céu Corriam na areia pelo vento 
varrido Brincavam de passar anel.

Ah! saudosa baraúna Nossa vida, nossa
memória Origem da nossa cidade 
Berço de amor Flor da nossa história.
Foi-se o tempo do abrigo Dos ninhos 
para os pardais Dos galhos para os 
balanços Lugar de prece e oração Foi-se
e não volta mais.

Meninos e meninas Nadando com os 
peixes na lagoa Descansando em tua 
sombra Ah! minha velha baraúna 
Quanta lembrança boa!

Viste tantos encontros Ouvistes tantos
segredos Mas o tempo passou Com o
vento voou E ficaste só tu e o medo.

Medo da solidão Da ausência de teus 
amigos velhos que não mais te 
visitaram Envelheceram contigo Alguns
se foram, voaram E com saudade te 
deixaram. 

As crianças deste tempo Já não correm
sob os teus galhos Não te conhecem,
não te visitam E em tua velhice Choras
teus ais pelo que é quase findado. A
morte pra ti vem chegando E em nosso
coração deixas dor Em tua caída, 
estremeceu nosso amor Saudosa
baraúna O tempo final pra ti chegou. 

Pedindo socorro a tanto tempo
Desejando um abraço Alguém que
olhasse pra ti com ternura E mudasse o
teu estado Ah! baraúna querida 
saudade é teu nome,teu espaço, teu
regaço. 

Paula Belmino

Um comentário :

Poesia do Bem disse...

Triste fim, mas são as coisas da vida, um acontecimento para fazer o povo refletir que poderiam ter plantado muitas outras destas árvores a tempos, e só agora o querem fazer

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