Para ministro, evento sobre a Copa no Rio foi mais difícil que o da
semana passada, em São Paulo: 'Aqui as pessoas têm dificuldade de ouvir'
Rio - Ao deixar a sede do Sindicato dos Bancários, na noite dessa
segunda-feira, 29, depois de quase quatro horas de debate sobre a Copa
do Mundo em que foi xingado, vaiado e ridicularizado por manifestantes
contrários à realização do campeonato, o ministro da Secretaria Geral da
Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse que teve
oportunidade de sentir "o pulso de como está uma parte da sociedade",
mas ressalvou que se trata de uma minoria da população. "Isso é um pouco
a panela de pressão que explode", afirmou. Já no fim do debate, o ministro foi novamente vaiado quando disse a
uma moradora ameaçada de remoção: "Saia um pouco do seu pedaço, pense no
País".
O debate transcorreu sem incidentes na primeira hora. Depois,
quando estivadores e militantes anti-Copa se desentenderam na entrada do
salão, o clima ficou tenso. Gilberto Carvalho, foi agredido
verbalmente, vaiado e ridicularizado. Um dos participantes chegou a
colocar um rolo de papel higiênico diante do ministro, depois de
protestar contra a violência da polícia do Rio e das ameaças de
remoções. Carvalho ficou calado, mas, contrariado, balançou a cabeça
negativamente.
A ativista Elisa de Quadros Pinto Sanzi, a Sininho, referiu-se a
Carvalho como "palhaço" e "ministro da Suíça". Outro manifestante da
Frente Independente Popular (FIP) disse que o lugar de Carvalho era a
"sete palmos abaixo do chão". Quando uma faixa foi estendida com os
dizeres "não vai ter Copa" durante o debate, o ministro tomou a palavra.
"Nada vai ser resolvido no grito. Vamos ouvir os companheiros e quem
sabe desconfiar que não somos os donos da verdade", disse Carvalho.
Em outro momento, o ministro reagiu: "Fico com medo desse tipo de
democracia em que algumas pessoas dessa sala parecem acreditar". "Não
tenho medo de nada. Abram-se para a verdade do outro, não permitam que o
sectarismo atrapalhe vocês", reagiu Carvalho, sem, no entanto,
conseguir ser ouvido pelo grupo mais exaltado. "Vamos cercar o
Maracanã", gritou um manifestante, referindo-se à mobilização de
protestos nos dias da Copa. Em alguns momentos, Carvalho elevou a voz
para ser ouvido, como quando fez a defesa do programa de habitação
popular do governo petista e dos investimentos em saúde. "O Minha Casa,
Minha Visa é o maior programa habitacional do mundo. Sectarismo é
terrível. A Copa do Mundo não compete com a saúde", sustentou o
ministro.
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