sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Parques eólicos geram menos energia que o previsto

SE Lagoa Nova II 230/69kV, sendo construída na Baixa Grande, que irá coletar a energia de 8 parque eólicos, que será transportada pela linha de transmissão 230 kV Paraíso - Lagoa Nova II até a SE Paraíso em Santa Cruz, reforçando o suprimento à região metropolitana de Natal.

Além do baixo volume de chuvas, que tem esvaziado os reservatórios do país, a ventania também não foi totalmente favorável à grande vedete do setor elétrico nos últimos anos. Dos 28 conjuntos de parques eólicos que têm acionamento feito pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), 16 produziram menos do que o esperado no ano passado.
Pelas dimensões envolvidas, o buraco em termos de oferta de energia não chega a ser relevante, mas revela um problema curioso. Para fazer a gestão do sistema, o ONS não leva em conta a potência nominal das usinas eólicas, mas o "fator de capacidade" de cada uma delas. Isso nada mais é do que a estimativa mínima de produção efetiva de energia, com base na expectativa dos ventos disponíveis e dos equipamentos usados. Quanto mais altas as torres e mais longas as pás, maior a geração de eletricidade.
Élbia Melo, presidente da Abeólica: responsabilidade não é da falta de ventos

Quando se leva em consideração esse fator de capacidade, a perspectiva era ter 445,6 megawatts médios dos 28 parques eólicos no ano passado - o equivalente ao de uma hidrelétrica de médio porte. Como 16 não produziram o mínimo que se esperava deles, a geração efetiva acabou ficando em 433 MW médios. Alguns, como o parque Sete Gameleiras (BA), chegaram a gerar quase um terço a menos. No balanço final, a diferença entre o esperado e o verificado não foi tão grande assim, já que muitas usinas produziram acima do aguardado.

A presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Élbia Melo, não culpa a falta de ventos e ressalta a necessidade de separar dois momentos diferentes. Um é o Proinfa, programa de incentivo às fontes alternativas de energia, criado em 2004 e que dava subsídios à fonte eólica para promovê-la na matriz. Outro momento é o da contratação de usinas eólicas, via leilões do governo, pelo menor preço.
A partir de 2009, as eólicas entraram com tudo nos leilões, garantindo boa parte da oferta disponível nos últimos certames e alcançando tarifa perto de R$ 100 por megawatt-hora. As usinas licitadas no ano passado, por exemplo, têm 120 metros de altura e aerogeradores com 3 MW de potência. Precisam se comprometer com uma geração mínima - a chamada "garantia física" - e repor a eletricidade não produzida, por meio de compras no mercado de curto prazo, caso não entreguem o prometido. Esses parques eólicos, segundo Élbia, têm produzido mais que o previsto.
No caso do Proinfa, a própria executiva reconhece que a geração efetiva "não foi muito boa" no ano passado. Até o fim da década passada, as usinas contratadas pelo programa só precisavam ter licença ambiental e projetos aprovados pela Aneel para ter garantia de compra da energia. Recebiam pelo volume de eletricidade produzida, mas sem nenhuma penalidade em caso de frustração de expectativa. Por isso, são bem menos eficientes.
O Proinfa custa cerca de R$ 2,5 bilhões por ano e é bancado pelos consumidores, por meio de encargo cobrado nas contas de luz, em torno de 0,5% da tarifa.

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