segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Milho insuficiente volta a preocupar as autoridades no Rio Grande do Norte

Esta semana uma nova remessa deve ser enviada ao Rio Grande do Norte 

Das 209 mil toneladas enviadas para o RN na última remessa, restam apenas 2,6 mil para atender a todo o Estado. Foto: Divulgação

O milho que chega de caminhão ao Rio Grande do Norte, depois de viajar por cinco dias pelas estradas desde o Mato Grosso, praticamente voa quando chega em seu destino. Da última remessa de 209 mil toneladas que abasteceu os armazéns da Companhia Nacional de Abastecimento no Estado, só restaram hoje 2,6 mil toneladas.
O que sobrou: 366 toneladas em Assu; 780 toneladas em Caicó; 358 toneladas em Currais Novos; 97 toneladas em João Câmara; 538 toneladas em Mossoró; nove toneladas em Natal 535 toneladas em Umarizal. Em todos esses municípios existem armazéns da Conab com produtores cadastrados para adquirir o milho a preço subsidiado pelo Governo federal, que corresponde a 1/3 ou mais do valor de mercado.

Nesta segunda-feira, uma nova remessa deve deixar o Mato Grosso com mais milho. São 8.204 toneladas que devem aparecer por aqui no próximo final de semana a serem distribuídas dessa maneira: mil toneladas para Assu; mil para Caicó; mil para Currais Novos; mil para Mossoró; mil para Umarizal; 870 para João Câmara; 404 toneladas para Lajes e 2 mil para Natal (1.400 toneladas para a unidade Caiapós, na Cidade Satélite e 600 para a unidade Jerônimo Câmara, em Lagoa Nova).
Pelos cálculos do superintendente da Conab do RN, João Maria Lúcio, todo o milho que chega aos armazéns da companhia duram, em média 15 dias. Há um cadastro hoje de 26 mil produtores cadastrados no Estado para a aquisição desse milho.
No ano passado, a Conab vendeu 85 mil toneladas, o que dá uma media de sete mil por mês. Segundo João Maria Lúcio, para suprir a carência dos produtores, essa quantidade deveria ser de 18 mil toneladas por mês, o que daria no final do ano algo em torno de 216 mil toneladas, quase três vezes mais.
Se depender da disponibilidade de caminhões para trazer esse milho, as coisas devem piorar nas próximas semanas. Os preços dos fretes rodoviários dispararam nos últimos dias em importantes regiões agrícolas do país com o começo do escoamento da nova safra de soja.
Uma pesquisa da consultoria Informa Economics FNP registrou aumento de 53% no período de menos de um mês no frete entre Cascável (PR) e o Porto de Paranaguá e de 27% entre Rondonópolis (MT) e o Porto de Santos (SP). A informação está no site Portos & Navios.
Hoje, o presidente da Federação de Agricultura do Rio Grande do Norte (Faern), José Álvares Vieira, lembrou que em vez de transportar para cá o milho em porções, seria muito mais econômico e eficaz trazer uma grande carga de uma vez só pelo porto de Natal.
Até hoje não ficou claro porque isso não aconteceu no ano passado, depois que a Companhia Docas adquiriu um armazém inflável para receber a mercadoria. Viera, que viaja na próxima semana à Bruxelas para participar de um almoço oferecido pela Confederação Nacional da Agricultura à presidente Dilma Roussef, disse que todos os estados da região receberam seu milho por porto.
“Para mim, nós só não recebemos por falta de vontade política e é por isso que estamos pagando um preço alto, que prejudica todos os produtores potiguares”, acrescentou.
Naquela ocasião – fins de junho – das 12 mil toneladas de milho doadas emergencialmente ainda em maio pelo Governo Federal para o Rio Grande do Norte, só quatro mil chegaram aos armazéns da Companhia Nacional de Abastecimento espalhados pelo Estado.
Hoje, no final da manhã, consultado pelo JH sobre a pauta de assuntos a serem abordados no encontro de todas as segundas-feiras do Comitê da Seca, o secretário Tarcísio Bezerra, da Agricultura, disse que um dos assuntos em pauta será justamente o milho do governo federal. Ele não pôde antecipar qualquer outra informação, já que a governadora pediu que os resultados do encontro fossem liberados em bloco só no final da tarde de hoje.
Um dos pontos centrais da reunião do comitê da seca seria fazer uma prestação de contas de todo o dinheiro federal investido desde o ano passado em ações emergenciais e debater fórmulas para amenizar as possíveis conseqüências de uma quadra chuvosa abaixo da média para este ano.

 

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