Esta semana uma nova remessa deve ser enviada ao Rio Grande do Norte
O milho que chega de caminhão ao Rio Grande do Norte, depois de
viajar por cinco dias pelas estradas desde o Mato Grosso, praticamente
voa quando chega em seu destino. Da última remessa de 209 mil toneladas
que abasteceu os armazéns da Companhia Nacional de Abastecimento no
Estado, só restaram hoje 2,6 mil toneladas.
O que sobrou: 366 toneladas em Assu; 780 toneladas em Caicó; 358
toneladas em Currais Novos; 97 toneladas em João Câmara; 538 toneladas
em Mossoró; nove toneladas em Natal 535 toneladas em Umarizal. Em todos
esses municípios existem armazéns da Conab com produtores cadastrados
para adquirir o milho a preço subsidiado pelo Governo federal, que
corresponde a 1/3 ou mais do valor de mercado.
Nesta segunda-feira, uma nova remessa deve deixar o Mato Grosso com
mais milho. São 8.204 toneladas que devem aparecer por aqui no próximo
final de semana a serem distribuídas dessa maneira: mil toneladas para
Assu; mil para Caicó; mil para Currais Novos; mil para Mossoró; mil para
Umarizal; 870 para João Câmara; 404 toneladas para Lajes e 2 mil para
Natal (1.400 toneladas para a unidade Caiapós, na Cidade Satélite e 600
para a unidade Jerônimo Câmara, em Lagoa Nova).
Pelos cálculos do superintendente da Conab do RN, João Maria Lúcio,
todo o milho que chega aos armazéns da companhia duram, em média 15
dias. Há um cadastro hoje de 26 mil produtores cadastrados no Estado
para a aquisição desse milho.
No ano passado, a Conab vendeu 85 mil toneladas, o que dá uma media
de sete mil por mês. Segundo João Maria Lúcio, para suprir a carência
dos produtores, essa quantidade deveria ser de 18 mil toneladas por mês,
o que daria no final do ano algo em torno de 216 mil toneladas, quase
três vezes mais.
Se depender da disponibilidade de caminhões para trazer esse milho,
as coisas devem piorar nas próximas semanas. Os preços dos fretes
rodoviários dispararam nos últimos dias em importantes regiões agrícolas
do país com o começo do escoamento da nova safra de soja.
Uma pesquisa da consultoria Informa Economics FNP registrou aumento
de 53% no período de menos de um mês no frete entre Cascável (PR) e o
Porto de Paranaguá e de 27% entre Rondonópolis (MT) e o Porto de Santos
(SP). A informação está no site Portos & Navios.
Hoje, o presidente da Federação de Agricultura do Rio Grande do Norte
(Faern), José Álvares Vieira, lembrou que em vez de transportar para cá
o milho em porções, seria muito mais econômico e eficaz trazer uma
grande carga de uma vez só pelo porto de Natal.
Até hoje não ficou claro porque isso não aconteceu no ano passado,
depois que a Companhia Docas adquiriu um armazém inflável para receber a
mercadoria. Viera, que viaja na próxima semana à Bruxelas para
participar de um almoço oferecido pela Confederação Nacional da
Agricultura à presidente Dilma Roussef, disse que todos os estados da
região receberam seu milho por porto.
“Para mim, nós só não recebemos por falta de vontade política e é por
isso que estamos pagando um preço alto, que prejudica todos os
produtores potiguares”, acrescentou.
Naquela ocasião – fins de junho – das 12 mil toneladas de milho
doadas emergencialmente ainda em maio pelo Governo Federal para o Rio
Grande do Norte, só quatro mil chegaram aos armazéns da Companhia
Nacional de Abastecimento espalhados pelo Estado.
Hoje, no final da manhã, consultado pelo JH sobre a pauta de assuntos
a serem abordados no encontro de todas as segundas-feiras do Comitê da
Seca, o secretário Tarcísio Bezerra, da Agricultura, disse que um dos
assuntos em pauta será justamente o milho do governo federal. Ele não
pôde antecipar qualquer outra informação, já que a governadora pediu que
os resultados do encontro fossem liberados em bloco só no final da
tarde de hoje.
Um dos pontos centrais da reunião do comitê da seca seria fazer uma
prestação de contas de todo o dinheiro federal investido desde o ano
passado em ações emergenciais e debater fórmulas para amenizar as
possíveis conseqüências de uma quadra chuvosa abaixo da média para este
ano.
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