O ‘Rei do Camarote’, quem diria, virou
questão em um concurso público. Os candidatos a uma vaga de agente de
serviços administrativos da Câmara de Jundiaí, município que fica a 58
quilômetros de distância da capital paulista, tiveram, entre outros
assuntos, responder qual o nome do empresário que ficou conhecido em uma
reportagem sobre os gastos de ricos nas baladas. A pergunta foi uma das
cinco da prova de atualidades da seleção, ocorrida no último domingo.
Em entrevista ao site G1, a candidata
Adriana Nolli Ruiz reclamou que a pergunta não se encaixa em uma prova
de concurso público.
“Achei totalmente desnecessária essa
questão. Poderiam ter caído perguntas sobre o pré-sal, prisão dos
mensaleiros, assuntos de repercussão na mídia, mas que têm relevância
para as pessoas”, afirma.
Para o professor de Atualidades da
Academia do Concurso, Marcelo Saraiva, neste caso, o problema não está
no tema em si, mas na abordagem feita na prova. Na opinião de Saraiva,
não haveria problema abordar o “Rei do Camarote” enquanto fenômeno
socioeconômico, relacionando-o a temas de maior relevância:
— Uma questão hipotética relacionando o
“rei do camarote” a temas maiores, como economia ou sociedade, não seria
problema, mas cobrar simplesmente o nome dele é.
O professor acredita que uma prova de
atualidades para concursos que cobra nomes e datas comete injustiça com
os candidatos que têm de se preocupar com aspectos menores e menos
importantes do noticiário.
Os candidatos também criticaram outras
questões do exame, como a que perguntava quais eram os times dos 17
torcedores que foram presos após se envolveram em uma briga no estádio,
em Santa Catarina, durante a última rodada do Campeonato Brasileiro de
2013. Outra questão alvo da irritação dos participantes do concurso foi
sobre o local onde se acidentou o ex-piloto da Fórmula 1 Michael
Schumacher.
Para quem não sabe, o Rei do Camarote é
Alexander Almeida; torcedores de Vasco e Atlético-PR foram presos após a
briga; e Schumacher se acidentou nos Alpes franceses.
A Câmara Municipal de Jundiaí informou
que a empresa responsável pela realização do concurso foi selecionada
por meio de um processo licitatório. Segundo o presidente da comissão de
concursos da Câmara, Fábio Nadal, o departamento não teve acesso ao
conteúdo da prova e nem tem autonomia para determinar os temas a serem
abordados. Segundo ele, o concurso teve 8.300 candidatos para 20 vagas
disponíveis. O cargo de agente de serviços administrativos tem salário
de R$ 2.570.
Os candidatos que se sentiram lesados
têm até esta sexta-feira para entrar com recurso questionando o exame.
Para isso, o interessado deve acessar o site da Makiyama, empresa que
organizou o exame e enviar uma mensagem pelo link “Fale conosco”.
O Globo
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