Parques Eólicos de Calangos II, IV e V
Para melhor compreender o
resultado do leilão de energia A-3/2013, realizado ontem (18) pelo Governo
Federal, onde foram vencedores 39 parques eólicos e nenhum deles situado no Rio
Grande do Norte faz-se necessário tomar conhecimento do início do programa
eólico no Brasil.
Desde o ano de 2009, com a
participação da fonte eólica na matriz elétrica brasileira, especialistas do
setor já apontavam o grande potencial eólico do RN e os resultados dos leilões
demonstraram a liderança potiguar, ultrapassando, inclusive, o Ceará que havia
iniciado o seu programa de forma pioneira no país.
O modelo adotado naquela ocasião
foi o de promover os leilões de geração para em seguida efetuar os leilões de
transmissão, fazendo com que, respeitados os prazos preconizados nos seus
respectivos editais, houvesse uma convergência entre a geração e transmissão
sem colocar em risco o escoamento da energia através do SIN- Sistema
Interligado Nacional. Para tanto, o Governo Federal lançou mão de um
instrumento denominado ICG'S- instalações de transmissão de interesse exclusivo
das Centrais de Geração para conexão compartilhada, que havia sido criado,
inicialmente, para atender projetos de geração de energia através de PCH-
Pequena Central Hidrelétrica e Biomassa.
Na prática, a escolha do Governo
Federal não trouxe resultados positivos, pois o que se viu foi um total
desencontro entre a geração e a transmissão, levando na maioria dos casos a
conclusão dos parques eólicos sem que os mesmos pudessem escoar a energia
elétrica a ser gerada.
Os primeiros lotes de transmissão
no Rio Grande do Norte ofertados em leilões tiveram como vencedora a
estatal CHESF que não concluiu as obras nos prazos previstos -
cenário esse repetido em outros estados - causando um enorme desgaste ao
programa eólico, principalmente no que tange a sua credibilidade.
O primeiro lote de transmissão que
deveria ficar pronto em junho/2012, após inúmeros adiamentos deverá,
finalmente, ser entregue em meados de janeiro/2014. Para se ter ideia do erro
ao programar datas diferentes entre leilão de geração e transmissão, esse lote
foi concebido para atender os parques vitoriosos no leilão de geração ocorrido
em 2009.
As mudanças realizadas pelo
Governo Federal no início de 2013 para as regras de participação dos
projetos eólicos nos novos leilões, onde somente seriam habilitados os projetos
que tivessem assegurado a sua conexão ao SIN, evidenciou a falta de
competitividade dos nossos projetos.
É nesse contexto que o RN foi
extremamente prejudicado, pois como é de conhecimento público, o nosso estado
até o advento das fontes alternativas (eólica, solar, biomassa, etc.) nunca foi
vocacionado para gerar energia elétrica e como consequência nunca necessitou
possuir um sistema de transmissão robusto, pois o nosso perfil era de um estado
importador de energia.
Portanto, para aproveitar todo o
potencial eólico e solar do RN, é imperativo que o estado seja dotado de um
sistema de transmissão robusto com capacidade para escoar toda a energia
gerada, invertendo o ciclo vicioso da transmissão ocorrer sempre depois da
geração, pois já conhecemos os prejuízos desse modelo.
É evidente que somente com a
implantação de um sistema estruturante de transmissão cortando
longitudinalmente o nosso estado, todo ele em 500 kV , o RN retomará a sua
competitividade, pois terá condições de explorar o seu potencial eólico
em plenitude.
Após um importante trabalho
realizado pelo Governo - via Secretaria do Desenvolvimento Econômico (SEDEC) -
e bancada federal em parceria com a Federação das Indústrias do RN e Associação
Brasileira de Energia Eólica (ABEEéolica), junto ao Governo Federal está
previsto até março do próximo ano a realização pela ANEEL do primeiro leilão de
transmissão de 2014, onde o RN será contemplado com vários lotes em 500
kV. Com esse leilão, o RN fechará um anel com outros estados, tanto ao oeste
como ao sul, conseguindo as condições ideais para explorar o seu real potencial
energético.
Para aproveitar todo o potencial
eólico potiguar e fechar o ciclo econômico do setor, a SEDEC idealizou o
projeto do Parque Tecnológico de Energia do RN, onde será feita a integração
entre ensino, pesquisa, inovação, tecnologia e indústria em um ambiente de alto
nível.
Com recursos já garantidos pelo
Governo do Estado da ordem de R$ 46 milhões, o funcionamento do Parque
Tecnológico de Energia será indutor para atração de empresas do setor e aumento
na geração de empregos, além do domínio em tecnologia de energia renovável.
O trabalho do Governo do Estado
assegura um ano de 2014 com grandes conquistas para a economia do RN,
desenvolvimento sustentável da cadeia produtiva, implantação de inúmeros
projetos eólicos e a garantia do crescimento sem sobressaltos do setor de
energia renovável.
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