Incra tem 428 processos de desapropriação abertos

Peritos Federais Agrários do Incra fazem “enterro” da reforma agrária.

Um cenário com vela, caixão e pessoas vestidas de preto, ao som de uma marcha fúnebre, foi a maneira encontrada pelos Peritos Federais Agrários do Incra para protestarem contra a paralisação dos processos de reforma agrárias e a precarização do trabalho dos servidores.

Fotos: Jailson Soares

Peritos Federais Agrários fazem enterro da reforma agrária

Atualmente, seis peritos trabalham efetivamente na análise de desapropriações no Piauí. A quantidade de servidores é insuficiente, visto que 22 processos estão em andamento e existem 428 abertos, sem previsão de serem iniciados.

Os peritos agrários são responsáveis pela avaliação das terras que estão em processo de desapropriação, emitindo – ou não – o laudo necessário para a reforma agrária. O problema é que, além da falta de estrutura de trabalho para realizar as atividades, os peritos também alegam que estão desde 2010 sem reajuste.

Protesto dos peritos é por melhores condições de trabalho

Segundo o representante do sindicato da categoria, Bertolino Assunção Filho, o “enterro “ da reforma agrária simboliza a demora nos processos de desapropriação de terras. “Em 2012, só foram desapropriados 28 imóveis. E este ano, nenhum processo foi concluído”, destaca o sindicalista.

Outra forma de protesto encontrada por sete peritos que recebiam DAS foi entregar seus cargos. “Fizemos isso contra as normas que entravam a reforma agrária e a falta de condições de trabalho”, afirma Bertolino. O valor do adicional era de R$ 1.200 a R$ 1.400.

Francisco Lima, superintendente do Incra no Piauí

Por outro lado, o superintendente do Incra no Piauí, Francisco das Chagas Lima, acredita que a manifestação dos peritos agrários é somente por salário. “E é justo, visto que o maior salário do Incra é o menor se comparado ao dos servidores do Ministério da Agricultura”, disse Francisco.

Contudo, ele lembra que em agosto houve um início de negociação, mas o sindicato se negou a apresentar proposta salarial, alegando que o Incra é que deveria fazer a proposta. Com o impasse, a situação não foi mais discutida.