"... e você acha que o Kassab pode aparecer nesta festa de
aniversário do PT"?, interrompeu-me o colega Heródoto Barbeiro, com seu
habitual bom humor de monge que já viu de tudo na vida, ao final do meu
comentário de quinta-feira no Jornal da Record News.
Como nunca sei se ele está falando sério ou brincando, respondi que
sim, isto poderia acontecer, porque hoje em dia tudo é possível na nossa
política. E não é que aconteceu? Até outro dia principal adversário do
PT na política paulistana, o prefeito Gilberto Kassab não só
compareceu, como foi recebido com festas, vivas e abraços pelos
dirigentes reunidos na grande mesa montada no palco da celebração.
Em compensação, tomou uma tremenda vaia da platéia de militantes, que
o recebeu aos gritos de "fora Kassab!", mas permeneceu até o final da
festa ao lado da presidente Dilma Rousseff e de vários ministros, e
ainda foi embora no mesmo carro junto com o candidato petista Fernando
Haddad, que não quis se manifestar sobre o noivado do PT com o PSD e a
bronca da ex-prefeita Marta Suplicy, que nem foi à festa.
Seria uma cena inimaginável quatro anos atrás, quando Marta perdeu a
eleição municipal após uma feroz disputa com Kassab, o candidato da
aliança demotucana patrocinada por José Serra.
Na véspera, Marta já tinha desabafado que a aliança com Kassab seria
para ela um pesadelo e se limitou a mandar uma carta para o partido, na
qual lembrou que "é fundamental continuarmos avançando nas conquistas
sociais, sem abrir mão de nossos princípios".
O que aconteceu em Brasília na noite de sexta-feira é uma amostra do
que aguarda a campanha de Fernando Haddad em São Paulo: apoio da cúpula à
parceria com Gilberto Kassab, que teria o direito de indicar o vice da
chapa, mas uma tremenda hostilidade das chamadas bases do partido,
inconformadas com esta guinada dos dirigentes petistas.
Fonte; Balaio do Kotscho
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